quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Consórcio com a macadâmia protege o café e aumenta sua produtividade

Com uma produção estimada em 49,7 milhões de sacas de 60 quilos em 2016 , o Brasil lidera de longe o ranking dos maiores produtores mundiais de café. Os valores consolidados de 2015 permitem a comparação numérica: Brasil, 43,2 milhões de sacas; Vietnã, 27,5 milhões de sacas; Colômbia, 13,5 milhões de sacas; Indonésia, 11 milhões de sacas; Etiópia, 6,4 milhões de sacas. Os cafezais instalados no país se estendem por aproximadamente 2,26 milhões de hectares, e o setor mobiliza 290 mil proprietários e mais de 8 milhões de empregados.

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP


Esse vasto segmento agroindustrial possui, no entanto, seu calcanhar de aquiles: a monocultura, praticada em mais de 90% dos estabelecimentos dedicados à produção cafeeira. Os efeitos negativos da monocultura tornaram-se bastante conhecidos pelos especialistas nas últimas décadas: erosão do solo, perda de biodiversidade e alto custo de produção, associados ao uso intensivo de fertilizantes e pesticidas.

O consórcio de lavouras é uma estratégia poderosa para a superação de tais efeitos. E um projeto de pesquisa apoiado pela FAPESP contemplou especificamente o plantio consorciado de café e macadâmia: “Cultivo consorciado de cafeeiro arábica (Coffea arabica L.) e cultivares de nogueira macadâmia (Macadamia integrifólia Maiden & Betche).

Os pesquisadores envolvidos no projeto, Rogério Peres Soratto, da Faculdade de Ciência Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Botucatu e seu ex-orientando, Marcos José Perdoná, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), publicaram no Agronomy Journal, da American Society of Agronomy, o artigo Arabica coffee–macadamia intercropping: a suitablemacadamia cultivar to allow mechanization practices and maximize profitability.

A publicação, também apoiada pela FAPESP, repercutiu na mídia eletrônica especializada dos Estados Unidos, como se pode verificar nos sites da Soil Science Society of America, da Crop Science Society of America e da American Society of Agronomy, entre outros.

“Sob o aspecto ambiental, o consórcio contribui para a preservação e a fertilidade do solo, a promoção da biodiversidade e a defesa das lavouras contra algumas espécies de ervas daninhas. Sob o aspecto econômico, otimiza o uso da terra e da força de trabalho ao longo do ano, aumentando a renda do produtor e protegendo-o de conjunturas adversas decorrentes de fatores climáticos ou de flutuações do mercado. Em resumo, torna o sistema muito mais sustentável. Além disso, gera um ganho de produtividade nas duas culturas e favorece a mecanização da colheita do café”, disse Soratto à Agência FAPESP.

Outro benefício importantíssimo proporcionado pelo consórcio, que já havia sido enfatizado pelos pesquisadores em artigo anterior, é a diminuição da vulnerabilidade da cultura cafeeira no contexto das mudanças climáticas globais. O aumento da temperatura média tende a fazer com que algumas regiões produtoras se tornem impróprias para a lavoura, forçando reconfigurações geográficas com sérios impactos econômicos e sociais.

“A planta do café arábica é um arbusto perene que originalmente se desenvolveu à sombra de árvores maiores. A alta temperatura e o déficit de água causam-lhe grandes danos e reduzem sua performance reprodutiva”, informou Soratto. “O consórcio com a árvore de macadâmia mitiga esses efeitos, além de proteger os cafezais contra outros riscos climáticos, como o ressecamento das plantas pela exposição ao sol, às geadas e às ventanias”, prosseguiu.

O experimento, conduzido por ele e Perdoná na região de Dois Córregos, no Estado de São Paulo, mostrou que o consórcio elevou em 10% a produção do arábica sem irrigação, ou seja, somente com a água disponibilizada pelas chuvas. A irrigação por gotejamento promoveu crescimento bem maior nos cultivos consorciados e aumentou os rendimentos de café e macadâmia em 60% e 133%, respectivamente.

Além disso, o consórcio proporciona ao produtor duas colheitas diferentes em vez de uma única – o que, como já foi apontado, melhora significativamente sua performance comercial e o ajuda a atravessar as conjunturas desfavoráveis causadas pelas quedas nos preços. A macadâmia é uma nogueira lenhosa originária da Austrália, cujos frutos, in natura ou descascados, alcançam alto valor no mercado e possuem um potencial econômico ainda pouco explorado no Brasil.

No experimento, as duas culturas foram plantadas ao mesmo tempo: os cafeeiros em fileiras espaçadas por 3,5 metros, e com as plantas da mesma fileira separadas umas das outras por 70 centímetros; e as árvores de macadâmia em fileiras espaçadas por 10,5 metros, e com as plantas da mesma fileira separadas umas das outras por 4,9 metros, entremeadas por cafeeiros. Então, cada fileira de macadâmia com café ficou separada da outra por duas fileiras de café [veja foto].

“Avaliamos a evolução das duas culturas até o oitavo ano após o plantio. Normalmente, a vida útil da lavoura de café é estimada entre 15 e 20 anos. Mas esse limite é determinado muito mais pelo manejo do que por um eventual envelhecimento da planta. Existem lavouras, bem manejadas, que continuam produtivas por muito mais tempo”, afirmou o pesquisador.

Consumidores exigentes

Embora o café brasileiro tenha sido considerado inferior ao de países como a Colômbia, por exemplo, já existem hoje no Brasil marcas, produzidas em pequena escala, que nada ficam a dever às melhores do exterior. Formou-se também, nos anos recentes, um segmento, ainda minoritário, mas crescente, de consumidores mais exigentes. Características como corpo, aroma, acidez, doçura, amargor e finalização passaram a ser conhecidas e valorizadas por esses apreciadores.

O consórcio com a macadâmia poderá, eventualmente, contribuir para essa melhoria do produto, acrescentando ao aroma e ao sabor do café notas específicas decorrentes da proximidade com as nogueiras. Mas esse aspecto não foi contemplado pela pesquisa em pauta, que se concentrou nos tópicos sustentabilidade e produtividade.

“Não avaliamos a qualidade da bebida porque isso demandaria outro tipo de estudo, extremamente minucioso. É sabido que cafezeiros sombreados por plantas arbóreas produzem um grão de melhor qualidade, pelo fato de o fruto poder atingir estágio de maturação mais adequado. Porém qualquer descuido na colheita, na secagem ou na torra podem prejudicar essa qualidade. Um excelente grão pode ser comprometido pela colheita fora de hora ou pelo manejo inadequado na pós-colheita”, ponderou Soratto.

Em novo projeto apoiado pela FAPESP, os pesquisadores estão estudando agora como inserir macadâmia em lavouras de café já instaladas e a viabilidade da colheita totalmente mecanizada do café nesses sistemas.

Em outro ensaio estudam manejos de poda das nogueiras, porque há um momento em que os cafeeiros ficam sombreados demais, devido ao crescimento das árvores de macadâmia. Enquanto a planta de café dificilmente ultrapassa os 4 metros, a macadâmia chega a alcançar 25 metros de altura. E a manutenção das duas culturas em conjunto requer alguns procedimentos específicos depois de vários anos de consórcio.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Safra de café em 2017 pode ficar entre 43 e 47 milhões de sacas

A safra brasileira de café em 2017 deve ficar entre 43,65 e 47,51 milhões de sacas de 60 quilos do produto beneficiado, somadas as espécies arábica e conilon. Os números são do primeiro levantamento da safra, divulgado nesta terça-feira (17) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). De acordo com o estudo, a previsão representa uma redução entre 15 e 7,5%, quando comparado com a produção de 51,37 milhões de sacas do ciclo anterior. 

A produção de café arábica - que domina o plantio das lavouras no país, representando 80% do total produzido - deve encolher entre 19,3 e 12,7%. Estima-se que sejam colhidas entre 35,01 e 37,88 milhões sacas. Isso se deve ao ciclo de bienalidade negativa do grão. 

Já a produção de conilon, 20%% do total de café do país, está estimada entre 8,64 e 9,63 milhões de sacas, com um crescimento esperado de 8,1 a 20,5% comparado à safra de 2016. Os números se devem à recuperação da produtividade nos estados da Bahia e de Rondônia, bem como ao processo de maior utilização de tecnologia do café clonal e mais investimentos nas lavouras. 

Área - A área total plantada no país tem expectativa de aumento de 0,2% em relação a 2016, devendo chegar a 2,23 milhões de hectares. No entanto, prevê-se uma redução de produtividade em termos gerais entre 12,6 e 4,9%, podendo situar-se entre 23,02 e 25,05 sacas por hectare. O arábica, que mais sofre a influência do ciclo atual de baixa bienalidade, deve ter produtividade entre 23,48 e 25,40 sacas por hectare. 

No caso do conilon, espécie mais rústica e tolerante às pragas, deve recuperar parte do potencial de produtividade, variando de 21,33 e 23,78 sacas por hectare, com ganhos entre 13,4 e 26,5%. Por outro lado, há previsão de uma diminuição de 4,7% na área em produção por problemas climáticos pontuais, como seca e má distribuição de chuvas por três anos consecutivos no Espírito Santo, maior produtor da espécie no país. 

Imprensa | Conab

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Aberta consulta pública sobre o Plano Javali

Medida prevê controle da espécie exótica invasora e a mitigação dos impactos ao meio ambiente e à agropecuária.

Foi aberta, nesta quinta-feira (07/10), consulta pública do Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali (Sus scrofa). 

A espécie exótica invasora, presente em grande parte do território nacional, principalmente no sul e sudeste, é responsável por graves impactos ao meio ambiente e à atividade agrícola. 

Os mais prejudicados com a invasão das lavouras são os pequenos agricultores e a agricultura familiar.

A consulta vai até o dia 21 de outubro e deve ser feita pelo portal do Ibama. Produtores rurais, estudiosos da fauna e pessoas em áreas onde há presença do animal podem dar sua contribuição. O objetivo é reunir subsídios para o diagnóstico sobre a invasão do javali no país e a proposta de estrutura do Plano. O cronograma de atividades inclui a proposição de ações para a prevenção, controle e monitoramento do javali, que será realizada na oficina de elaboração do Plano prevista para novembro.

O javali, considerado uma das piores espécies invasoras do mundo, é um porco selvagem. Seu habitat natural é a Europa, Ásia e norte da África. Introduzido em diversas regiões do mundo para o abate. Sendo liberado para o meio ambiente, onde se reproduz sem controle por falta de predadores naturais e pode cruzar com os porcos domésticos. 

O Plano Javali vem sendo elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em conjunto com suas vinculadas: Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO); e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Paulenir Constâncio | MMA

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Emissões de nitrogênio na América Latina devem ser monitorados

Os países da América Latina, juntamente com a China, a Rússia, a Índia e a África do Sul – que, com o Brasil, formam o BRICS –, são os maiores emissores atualmente de nitrogênio reativo, como amônia e óxido de nitrogênio.

Apesar de os países da região e os BRICS serem os maiores usuários de fertilizantes nitrogenados, os impactos das emissões do gás em suas formas reativas não têm sido avaliados

Os impactos no ambiente, no clima e na saúde humana das emissões de nitrogênio nessas e outras formas reativas pela queima de combustíveis fósseis, uso de fertilizantes nitrogenados e esgoto não tratado nesses países, contudo, não têm sido monitorados.

O alerta foi feito por especialistas durante a “School of Advanced Science on Nitrogen Cycling, Environmental Sustainability and Climate Change”, financiada pela FAPESP, por meio do programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), que ocorreu entre os dias 31 de julho e 10 de agosto em São Pedro, no interior de São Paulo.

Realizado pelo Cena-USP e o Inter-American Institute for Global Change Research (IAI), o evento reuniu 100 estudantes de graduação e pós-graduação, sendo 50 do Brasil e 50 do exterior, para discutir a distribuição desigual de nitrogênio no mundo e seu impacto na sustentabilidade ambiental em um cenário de mudanças climáticas globais.

“É preciso estabelecer uma rede de monitoramento contínuo, com séries temporais de 20 anos, por exemplo, para avaliar como o aumento da urbanização e o uso de fertilizantes nitrogenados em larga escala têm impactado os ecossistemas na América Latina e nos países do BRICS”, disse Tibisay Pérez, professora do Centro de Ciências Atmosféricas e Biogeoquímica do Instituto Venezuelano de Investigações Científicas (IVIC), à Agência FAPESP.

“Com isso, seria possível estabelecer políticas públicas mais direcionadas às necessidades dos países desses dois blocos”, avaliou Pérez.

De acordo com a pesquisadora, os países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, onde já existe esse monitoramento, atingiram o limite máximo de uso de fertilizantes nitrogenados em sua agricultura.

Por meio de uma combinação de tecnologias com políticas públicas, como o fim dos subsídios à produção de fertilizantes na década de 1990, os países da União Europeia – onde cerca de 60% das emissões de nitrogênio reativo são provenientes da agricultura – conseguiram reduzir suas emissões de óxido de nitrogênio em 49% em 2009 em comparação com 1990, segundo dados apresentados por Jan Willem Erisman, professor da Vrije Universiteit Amsterdam, da Holanda, durante o evento.

Atualmente, os países europeus têm discutido estratégias para diminuir as emissões de nitrogênio reativo e vêm trabalhando com conceitos como o de “pegada de nitrogênio” – a quantidade de nitrogênio reativo liberada para o meio ambiente como resultado do consumo de recursos como alimentos e combustíveis fósseis.

Já os países do BRICS e da América Latina, os maiores usuários atualmente de fertilizantes nitrogenados, passam por um processo de urbanização descontrolado, que tem impacto no aumento das emissões de nitrogênio reativo pela queima de combustíveis fósseis e por efluentes nessas regiões urbanas.

Na América Latina, por exemplo, apenas 20% do esgoto doméstico é tratado e 17% da população não tem acesso a saneamento básico, apontou Jean Pierre Ometto, chefe do Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em palestra no evento.

Como os países latino-americanos estão situados em regiões tropicais e subtropicais, que concentram hotspots de biodiversidade, seus ecossistemas podem estar fortemente ameaçados pelos impactos da deposição de nitrogênio, suspeitam os pesquisadores participantes da Escola.

“A América Latina tem passado por um rápido processo de urbanização e de substituição de sistemas tradicionais de produção agrícola para uma agricultura mecanizada e com alto uso de fertilizantes nitrogenados, sem levar em conta a questão das emissões de nitrogênio reativo”, disse Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo a pesquisadora, o aumento da deposição de nitrogênio reativo na atmosfera é reconhecido hoje como um dos principais fatores contribuintes para redução da diversidade de plantas em ecossistemas naturais e seminaturais por acidificar e tornar o solo tóxico, entre outros impactos.

Os dados disponíveis sobre os impactos da deposição de nitrogênio na diversidade de plantas, contudo, foram obtidos quase que exclusivamente a partir de estudos realizados no norte da Europa e na América do Norte, ponderou.

“É muito importante obter dados de regiões onde esse problema começou a aumentar recentemente ou deverá crescer em um futuro próximo, como a América Latina e os países do BRICS”, apontou.

A China, por exemplo, utiliza em algumas áreas voltadas à horticultura 400 quilogramas de nitrogênio por hectare. Já o Brasil e a África do Sul costumam fertilizar culturas como o milho com 120 quilogramas por hectare.

No outro extremo, na África Subsaariana, costuma-se fertilizar culturas com 8 quilogramas por hectare, comparou Bustamante. “Enquanto há regiões no mundo onde há um excesso de uso de fertilizantes, em outras há um problema de déficit”, ponderou.

“Há diferenças regionais marcantes. E os países que precisam aumentar o nível de fertilizantes nitrogenados devem evitar seguir os caminhos das nações poluidoras e buscar formas mais sustentáveis de incrementar a fertilidade do solo”, apontou.

Segundo ela, essa recomendação vale também para o carbono. Os especialistas têm sugerido aos países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos que optem por rotas de desenvolvimento de baixo carbono e não sigam a trajetória convencional de desenvolvimento.

Aliança internacional

Com base na constatação de que as emissões de nitrogênio reativo representam hoje um problema global, mas apresentam disparidades regionais, a pesquisadora e um grupo de cientistas de diversos países começaram a articular, no início dos anos 2000, a criação de uma iniciativa internacional para evidenciar o problema.

Batizada de International Initiative Nitrogen (INI), a rede global de cientistas foi fundada formalmente no início de 2003, patrocinada pelo Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope, da sigla em inglês) – agência intergovernamental associada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) – e pelo International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP).

A INI interage com tomadores de decisão a fim de identificar alternativas para otimizar o uso de fertilizantes nitrogenados e minimizar os efeitos negativos das emissões de nitrogênio reativo. A rede possui centros regionais na Europa, Américas do Norte e Latina, África do Sul e Leste da Ásia, contou Bustamante.

“A ideia é não só alertar os tomadores de decisão sobre os impactos ambientais, no clima e na saúde causados pelo aumento das emissões de nitrogênio reativo na atmosfera, como também chamar a atenção para a necessidade de se criar uma rede de monitoramento e estimular a realização de mais estudos em determinadas regiões do mundo, como a América Latina”, explicou.

Os efeitos da deposição de nitrogênio reativo nos ecossistemas são cumulativos e ocorrem ao longo do tempo, podendo demorar décadas para se manifestarem. Além disso, os níveis críticos de deposição para diferentes biomas variam, ponderou Bustamante.

“O nível crítico para a Mata Atlântica, por exemplo, não é o mesmo para a Amazônia, o Cerrado ou a Caatinga. Por isso é necessário monitorá-los”, justificou.

Fertilizantes sintéticos

Nutriente essencial, vital para a sobrevivência dos humanos e todos os outros organismos vivos, o nitrogênio está presente abundantemente na atmosfera, porém de forma não-reativa ou inerte, que a maioria dos organismos, como as plantas, são incapazes de utilizá-lo quimicamente como nutriente.

Em 1909, entretanto, o químico alemão Fritz Haber (1868-1934) desenvolveu um método de transformar esse gás não-reativo em uma forma reativa – a amônia, ingrediente ativo dos fertilizantes sintéticos, que é um recurso relativamente escasso na maioria dos ecossistemas naturais e em lavouras no mundo.

O desenvolvimento e adoção de processos de produção e uso de fertilizantes sintéticos levou a um aumento dramático da produtividade agrícola, e estima-se que hoje 48% da população mundial se alimente por causa dos fertilizantes.

Devido à baixa eficiência na utilização dos fertilizantes sintéticos nitrogenados na agricultura, contudo, grandes quantidades de nitrogênio reativo são liberados na biosfera atualmente, explicou Bustamante.

Elton Alisson | Agência FAPESP

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Epamig desenvolve 'refrigerante do bem', bebida láctea saudável

Produto à base de soro do leite tem alto valor nutricional e ajuda a prevenir doenças como catarata e degeneração macular

O 'refrigerante do bem', bebida láctea de baixo custo que utiliza leite e soro de leite | Divulgação/Simi

Um 'refrigerante do bem' é a grande novidade que poderá beneficiar quem não abre mão de se refrescar com este tipo de bebida, mas quer manter a saúde. 

A Empresa de Pesquisa e Agropecuária de Minas Gerais - Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) está desenvolvendo um produto lácteo carbonatado acidificado, inédito no mercado.

A bebida é fabricada à base de soro de leite e leite, enriquecido com luteína, que confere mais valor nutricional em relação a outros e não existe nenhum produto similar nas lojas.

“Além de ser muito refrescante, se comparada às bebidas tradicionais, apresenta maior valor nutricional por veicular não apenas 'calorias vazias', mas proteínas, vitaminas e minerais, além de ser uma alternativa para aproveitamento racional e sustentável do soro de leite, considerado um produto nutritivo, altamente aceitável e com custo reduzido”

De acordo com o pesquisador, o soro do leite é muito rico nutricionalmente. O alimento possui cerca de 0,8 % de proteínas de alto valor biológico, em razão de sua composição e tem alta concentração de aminoácidos essenciais com biodisponibilidade (facilmente absorvido pelo trato intestinal).À esquerda, o pesquisador Junio César na Inova Minas

“O soro constitui fonte de cálcio, sódio, magnésio, potássio e fósforo, além de conter a maior parte das vitaminas hidrossolúveis presentes no leite, sendo particularmente rico em vitaminas do complexo B”, destaca.

O prazo de validade estendido da bebida láctea é outro diferencial. "O produto pode durar até 90 dias sob temperatura ambiente ou refrigeração sem alteração das proteínas do leite", completa.

A bebida láctea acidificada desenvolvida na Epamig ILCT pode ser considerada um alimento funcional.

Além de nutrir, traz benefícios à saúde porque é adicionada de luteína, um dos principais pigmentos maculares contidos na retina humana, sendo responsável por duas funções fundamentais: proteger a mácula (área da retina responsável pela visão de detalhes) contra o estresse oxidativo (função antioxidante) e filtrar a luz azul de alta energia, melhorando a acuidade visual.

Por meio desses mecanismos, se acredita que a luteína possa contribuir para a diminuição do risco de ocorrência de catarata e de degeneração macular relacionada à idade.

O produto é resultado de projeto de pesquisa da Epamig ILCT, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapemig), e ainda está em fase de estudos e planejamento para avaliar a produção em larga escala e sua colocação no mercado por meio de parcerias com instituições de pesquisa e empresas.

Sem problemas ambientais

Elaborada à base de soro de leite proveniente da fabricação de diversos tipos de queijos, o produto ajuda a eliminar um problema ambiental em relação ao soro que, muitas vezes, é dispensado na natureza sem qualquer tratamento ou utilizado para alimentação animal.

“O processo de fabricação da bebida tem custo reduzido e não demanda grandes investimentos, podendo ser facilmente produzida e comercializada pelas pequenas indústrias de laticínios”, observa Junio de Paula.

Mostra Inova Minas Fapemig

A pesquisa bebida láctea carbonatada acidificada adicionada de luteína está entre os projetos de destaque que participaram da Inova Minas, realizada no primeiro final de semana de agosto, no circuito Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. 

Organizado pela Fapemig, o evento mostrou os avanços científicos que influenciam a vida dos cidadãos.

Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia

O refrigerante do bem também irá integrar a Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (Finit), de 9 a 13 de novembro no Expominas, que e vai concentrar três eventos: a Campus Party, a 100 Open Startups e a DemoLatam.

Todos as feiras acontecem simultaneamente e devem atrair investidores, estudantes, acadêmicos e demais interessados no tema tecnologia e inovação.

Agência Minas

Embrapa lança site sobre Código Florestal

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou o site Código Florestal: contribuições para adequação ambiental da paisagem rural, um canal de informações para produtores rurais e técnicos ambientais com informações sobre como adequar as propriedades às exigências do novo Código Florestal (Lei nº 12.651).

Voltada a produtores rurais e técnicos ambientais, página traz orientações sobre adequação de propriedades às exigências do novo Código Florestal (Foto: Caren Henrique/Embrapa)

O serviço traz orientações técnicas para a recuperação de áreas degradadas, dicas de boas práticas agropecuárias e explica as características e as dimensões das áreas protegidas pela lei ambiental: as Áreas de Preservação Permanente (APP), as Áreas de Reserva Legal (ARL) e as Áreas de Uso Restrito (AUR), de acordo com a Agência Embrapa de Notícias.

As estratégias de recuperação, proteção e manejo apresentadas no site resultam de estudos e testes realizados por pesquisadores e analistas da Embrapa e de instituições parceiras, entre elas universidades e institutos federais e estaduais.

Consultas de espécies nativas por bioma e mapas dos viveiros e produtores de sementes espalhados pelo Brasil também estarão disponíveis aos usuários do site. Até o momento é possível consultar apenas as espécies nativas do Cerrado e os viveiros do Estado de Minas Gerais.

“Temos que dar alternativas para o produtor. Estamos trabalhando há mais de quatro anos nesse desafio de procurar onde estavam essas informações dentro e fora da Embrapa e fazê-las chegar a quem precisa”, disse José Felipe Ribeiro, pesquisador da Embrapa e colaborador do projeto, em nota divulgada pela instituição.

Mais informações: www.embrapa.br/codigo-florestal.

Agência FAPESP

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Polpa de beterraba: uma fonte de alta energia para cavalos atletas

Guabi lança suplemento único com alta concentração da polpa

A cada dia os donos de cavalos buscam alternativas para suprir as necessidades de seu animal. Talvez o que muitos não saibam é que a polpa de beterraba é um excelente alimento, principalmente, para os cavalos atletas ou de resistência que necessitam de altas calorias. Apesar de ser calórico, não eleva o índice glicêmico e não causa problemas em seu casco. Outra vantagem, é um alimento ingerido de forma lenta, proporcionando benefício a longo prazo, diferentemente de concentrados de grãos, que são processados pelo corpo rapidamente. Por conter alta concentração de pectina, oferece melhor ambiente pré-cecal e estabiliza o pH, o que resulta no melhor aproveitamento dos nutrientes. Óleo e carboidratos também são indicados.

A fibra da polpa de beterraba, quando adicionada na dieta, melhora a digestão dos alimentos, porque gera menor concentração de ácido lático pós exercício e ajuda a promover uma flora intestinal saudável. E para equilibrar o trato gastrointestinal o ideal é incluir volumoso à vontade.

Além de uma dieta equilibrada e rica em energia, é necessário o fornecimento diário de água limpa e de qualidade. Pois durante os exercícios, os equinos perdem muitos sais minerais através da transpiração. Para que haja um equilíbrio, é necessária a reposição constante de hidroeletrolítico. Para consolidar, é importante observar o funcionamento do trato digestivo, já que o intestino atua como reservatório de água e eletrólitos. Entretanto, quanto maior a demanda de nutrientes, maior é a absorção intestinal. 

Para usufruir de todos os benefícios contidos na polpa de beterraba – a Guabi – uma das mais conceituadas empresas no segmento de nutrição e saúde animal lança com exclusividade no Brasil – a Guabitech Beet – única ração com alta concentração de polpa de beterraba (com porcentual de 16%), direcionada para cavalos de alta performance; idosos ou em reprodução. Um produto que atende às principais necessidades dos veterinários. Por conter alto teor de betacaroteno - um precursor da vitamina A - que entra com ação antioxidante no organismo, aumenta a resposta imune, tornando o animal mais resistente. Este é o primeiro lançamento da Guabitech - linha super premium criada para distinguir os produtos de indicação profissional da Guabi. 

A Guabi estará apresentando a Guabitech Beet durante a 35ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador, até o dia 23 de julho, no Parque de Exposições Bolivar Andrade Gameleira, em Belo Horizonte / MG.

Cinthya Ramos | LN